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terça-feira, 31 de julho de 2012

Atenção!
A Feira do Estudante acontecerá em São Paulo, na Expo Center Norte, nos dias 24, 25 e 26 de agosto de 2012.

segunda-feira, 30 de julho de 2012


11 respostas para as questões mais comuns sobre recuperação

Nesta reportagem respondemos às maiores dúvidas de quem enfrenta o desafio de garantir a aprendizagem de todos os alunos, sem exceção

Anderson  Moço (anderson.moco@abril.com.br). Colaborou Camila Monroe

1 Como verificar o que de fato os alunos ainda não aprenderam?

Diagnóstico inicial, provas, observações de atividades realizadas em sala de aula, exercícios de sondagem, situações-problema, trabalhos em grupo, tarefas de casa - em conjunto, esses e outros instrumentos de avaliação ajudam a enxergar os diferentes saberes de cada um. Olhar apenas a nota das provas é absolutamente insuficiente para averiguar o que foi aprendido. Ainda mais quando sabemos que esse tipo de avaliação nem sempre é preparado de uma forma que permita checar se cada conteúdo trabalhado foi de fato aprendido. "Avaliação bem feita e válida é aquela que está relacionada aos objetivos de ensino e traz perguntas que abordam tudo o que foi ensinado. Ela permite que o aluno descreva o que aprendeu ou deixou de aprender", afirma Luckesi. "Sem ter clareza sobre as dificuldades de cada um, o professor pensa que terá de trabalhar com muito mais conteúdos do que o necessário e acaba desistindo da recuperação."

2 Como analisar os resultados das estratégias de avaliação?
O QUE FOI APRENDIDO


Um bom diagnóstico das aprendizagens mostra
o que a criança já sabe e o que falta aprender.
Você vai ver que, dentro de um conteúdo, as
dúvidas não são tão diferentes.

Em relação especificamente às provas, uma boa dica é ler de uma vez a resposta de todos a uma mesma questão. É importante fazer anotações sobre as dificuldades encontradas: quem errou, por quê, como, as ideias apresentadas sobre o assunto, quais os equívocos mais comuns etc. Tabular esses dados ajuda a definir em que investir mais força, o que retomar coletivamente e o que trabalhar em pequenos grupos (leia mais no quadro abaixo). Ao analisar cadernos, portfólios e trabalhos de casa, você tem um retrato dos diferentes momentos de avanço da turma - o que é fundamental para enxergar exatamente onde está a dificuldade de cada um em compreender o conteúdo e para eleger as estratégias que ajudarão todos a superar os problemas.

Nas situações do dia a dia na sala de aula e nas tarefas de casa, é possível checar se problemas detectados no desempenho em provas se confirmam. "É comum as crianças não saberem utilizar nos testes o conhecimento que têm", ressalta Rosa Maria Antunes de Barros, coordenadora pedagógica da Escola Castanheiras, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, e autora de um estudo sobre grupos de apoio em escolas. Se numa atividade um aluno soube fazer algo e nas outras não, é indicativo de que ele domina parte do conteúdo, mas não está seguro disso. É imprescindível falar com ele, escutar quais são suas hipóteses, verificar até onde chegou e quanto avançou desde a última atividade.

Diagnóstico




3 Concluí que meus alunos têm dificuldades diferentes. Como lido com isso?

"Fazer agrupamentos é o grande pulo do gato para recuperar as aprendizagens de todos", acredita Rosa Maria. Tendo um diagnóstico bem feito, que aponte exatamente os problemas de cada um em relação aos conteúdos trabalhados em sala até o momento, é possível dividir a classe. Um grupo será constituído pelos que não apresentam problemas e precisam continuar avançando. Os demais devem ser divididos em no máximo três agrupamentos, com dificuldades comuns entre os integrantes. Afinal, em determinado tema abordado em aula, não há tantas coisas diferentes que possam gerar dúvidas entre a garotada. Porém, se você detectou que um problema de aprendizagem é comum a grande parte da turma, cabe uma reflexão: será que a metodologia e a estratégia utilizadas foram coerentes com o objetivo pedagógico? Em seguida, retome o conteúdo com urgência e sobre novas bases. Lembre-se de que avaliar também é checar a qualidade e a eficácia do próprio trabalho.

4 Quais os critérios mais indicados para formar grupos em sala de aula?

São duas as variáveis que determinam os agrupamentos: as necessidades de aprendizagem e o objetivo da própria atividade. Além disso, é importante considerar as características pessoais e os vínculos afetivos da turma. Dependendo da tarefa, a garotada fica livre para escolher os parceiros. "Em qualquer dessas situações, é importante deixar claro para todos no que se baseou a organização e os seus objetivos com ela. Eles têm de estar seguros e saber o que é esperado deles", ressalta Maria Celina Melchior.

Os erros mais comuns

- Determinar quem será reprovado antes do fim do ano letivo. Os alunos com mais dificuldade não devem ser abandonados. Ao contrário, eles são os que mais precisam de atenção.

- Separar os que têm dificuldade em uma sala para os "fracos". Essa estratégia estigmatiza quem está de recuperação e não ajuda no processo de aprendizagem.

- Deixar a recuperação para a última semana do ano letivo. Se para a criança está sendo árduo avançar, uma revisão rápida do programa do ano não funcionará.

- Repetir na recuperação as estratégias já usadas. É preciso proporcionar outras formas de ensino para que todos aprendam o conteúdo.

5 De que forma posso organizar o trabalho dentro dos agrupamentos?

Em cada um deles, o estudo pode se dar em subgrupos, duplas ou individualmente, de acordo com as necessidades de aprendizagem e os objetivos de ensino. Em agrupamentos maiores, são ricas as discussões de estratégias para resolver uma questão ou a reflexão sobre o tema estudado. Nas duplas, é válido colocar alguém que tenha maior dificuldade para realizar uma atividade com um colega que entendeu melhor. As dúvidas do primeiro podem ser fundamentais para que o outro avance no conteúdo. Além disso, quem está enfrentando problemas aprende com a ajuda do colega. "Isso, no entanto, não deve ocorrer sempre. É preciso lembrar que quem sabe também precisa continuar aprendendo", explica Maria Celina. Já as atividades individuais ajudam o aluno a se sentir seguro sobre as aprendizagens, já que tem de colocar em jogo todo o conhecimento adquirido. Não esqueça: na maior parte do tempo, todos estarão juntos e vão seguir aprendendo ou revendo os mesmos conteúdos.

6 Como dar conta das diferentes demandas dos grupos sendo uma pessoa só?

O segredo é planejar em detalhes cada aula de recuperação, prevendo tarefas para todas as equipes (leia mais no quadro abaixo). O ideal é propor sequências didáticas bem ajustadas às necessidades de aprendizagem de cada uma delas. Na hora de determinar o que fazer e quando, considere os critérios didáticos a seguir:

Atividades Trabalhar com foco nas necessidades dos alunos não significa a toda aula propor algo diferente para cada um. É claro que no reforço não adianta repetir o que já foi realizado pela turma, mas propondo diferentes atividades você contempla mais alunos. Para os que já compreenderam a matéria, apresente tarefas com complexidade um pouco maior. À medida que aqueles que estão com dificuldades caminham, é possível propor a eles o que os avançados fizeram nas aulas anteriores. Construa um banco de atividades, se possível, com colegas da escola. Guarde os arquivos de propostas que surtiram bom efeito em aula para sempre adaptá-las e melhorá-las.

Recursos Invista em diversos materiais (vídeos, músicas, revistas, jornais, sites, jogos, mapas, atlas etc.) e estratégias (aulas expositivas, visitas a locais históricos etc.) como ferramentas de ensino. Mesmo em tarefas coletivas, é possível escolher recursos diferentes para cada grupo, sempre pensando no que melhor se encaixa em seu objetivo e nas necessidades de cada um.

Tempo Quem acompanha a turma de perto identifica os que precisam de um período maior para entender um conteúdo e já considera isso no planejamento. Às vezes, a criança tem de ficar mais tempo num mesmo ponto e contar com uma atenção redobrada, enquanto o restante realiza mais de uma atividade. O segredo é destacar essa flexibilização de tempo no planejamento e garantir que nas aulas coletivas ela siga avançando.

Planejamento da recuperação


7 Como retomar conteúdos não aprendidos sem deixar de cumprir o programa?

TRABALHO FOCADO


Atividades em grupo permitem que os
saberes dos alunos se completem. A
informação trazida por um colega muitas
vezes é o que falta para a
compreensão do conceito.



8 Como ajudar cada um de acordo com suas necessidades de aprendizagem?


PRONTO PARA AVANÇAR


Quando o seu trabalho é baseado na avaliação
constante e na intervenção imediata nos
problemas, o aluno consegue superar as
dificuldades e aprender.

9 Mandar tarefa de casa como reforço é uma boa estratégia?

Como atividade única e isolada, não. Mas, como complemento do trabalho realizado em classe, sim, funciona e muito bem. Nesse caso, a ideia é sistematizar um conhecimento adquirido. "É preciso selecionar desafios que o aluno tenha autonomia para enfrentar. Ele tem de ter visto o conteúdo em sala, tirado todas as dúvidas e feito exercícios similares com o apoio do professor. A tarefa será apenas para sistematizar ou refletir sobre o que aprendeu", explica Rosa Maria. De nada adianta preparar atividades para fazer em casa sem orientação. Dificilmente, ele sozinho conseguirá avançar.

=== PARTE 1 ===== PARTE 10
10 Qual o papel do titular da turma quando o reforço é no contraturno?

Em escolas que oferecem horários especiais para a recuperação, o papel de quem está diariamente com a turma é fornecer as informações possíveis ao colega que ficará responsável pelas aulas extras, providenciar as atividades que serão propostas e acompanhar o avanço da garotada. Afinal, é ele quem conhece as crianças e sabe quais conteúdos elas precisam rever, as estratégias de ensino já usadas e que se mostraram insuficientes. "Esse tipo de organização não muda em nada a função do regente de sala", ressalta Maria Celina. Há apenas uma exceção a essa regra: crianças não alfabéticas que já estão em séries avançadas do Ensino Fundamental demandam uma ajuda mais efetiva por parte do educador de reforço. Além de essa não ser a área do especialista, a tarefa exige mais tempo e dedicação do que ele tem disponível. Quando essa situação se apresenta, cabe aos gestores da escola ou da rede encaminhar o caso.

11 Como saber se a recuperação funcionou e todos aprenderam?

Com novas avaliações e análises dos resultados (leia mais no quadro abaixo). "É preciso acompanhar o avanço de cada um de perto e registrar todos os passos", recomenda Luckesi. Analise se os estudantes superaram obstáculos e sanaram as dúvidas, se participam das discussões com bons argumentos e se têm segurança e destreza para realizar os exercícios. Para se certificar das aprendizagens, você pode apresentar questões semelhantes às das avaliações anteriores e pedir que eles resolvam individualmente. Retome o diagnóstico inicial e as anotações feitas antes da recuperação e compare o desempenho de todos. Aqueles que superaram as dificuldades devem ser transferidos para o grupo dos que precisam de novos desafios. Com aqueles que ainda não superaram todos os problemas detectados, o trabalho continua, assim como a avaliação da aprendizagem de novos conteúdos trabalhados, que é contínua.

Novo diagnóstico



Quer saber mais?




BIBLIOGRAFIA
Avaliação da Aprendizagem na Escola: Reelaborando Conceitos e Recriando a Prática
, Cipriano Luckesi, 115 págs., Ed. Malabares, tel. (71) 3356-3261, 32,70 reais
Avaliar para Promover - As Setas do Caminho, Jussara Hoffmann, 144 págs., Ed. Mediação, tel. (51) 3330-8105, 37 reais
Da Avaliação dos Saberes à Construção de Competências, Maria Celina Melchior, 180 págs., Ed. Premier, tel. (51) 3061-2452, 23 reais
O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz e Ana Sanches, 133 págs. Ed. Ática, tel. (11) 3990-1775, 36,90 reais
Por que Avaliar? Como Avaliar? - Critérios e Instrumentos, Ilza Martins Santana, 136 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2233-9000, 24,10 reais
Sucesso Escolar Através da Avaliação e da Recuperação, Maria Celina Melchior, 104 págs., Ed. Premier, 12 reais





11 atividades para ensinar Língua Estrangeira

Com atividades lúdicas bem planejadas, você entretém seus alunos sem deixar de apresentar os conteúdos do programa


http://revistaescola.abril.com.br/lingua-estrangeira/pratica-pedagogica/11-maneiras-divertidas-ensinar-lingua-estrangeira-424065.shtml

Será que seus alunos já notaram que, ao apagar o abajur ou ir ao toalete, esbarram no francês? Ou que na hora da refeição podem optar por um farto self-service ou por um delivery, termos emprestados do inglês? Aprender outros idiomas, no entanto, vai muito além de conhecer palavras estrangeiras adotadas por aqui. Ao dominar outras línguas, a garotada tem a possibilidade de manter contato com povos e culturas diferentes, amplia o acesso a fontes de pesquisa como livros e internet , faz amigos no exterior e melhora as chances de conseguir bons empregos no futuro.

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Reportagens




Para envolver a turma nas aulas de Língua Estrangeira, uma boa dose de diversão é bem-vinda: troca de correspondência, jogos, músicas e filmes ensinam e entretêm. Na Escola da Vila, por exemplo, as crianças produziram belíssimos cartões-postais de São Paulo para trocar com alunos da Coréia do Sul.

É preciso tomar cuidado, no entanto, para não valorizar demais os recursos lúdicos e esquecer do objetivo principal: ensinar conteúdos. A professora Sandra Baumel Durazzo, da Target Teaching, que terceiriza o ensino de línguas em escolas de São Paulo, explica que as aulas são produtivas quando as práticas de linguagem a ser exploradas são definidas previamente. E isso se aplica até em uma simples leitura. "O aluno pode ler o mesmo texto com objetivos diferentes: para fazer um resumo ou uma apresentação oral, responder perguntas, formular opiniões ou apenas por prazer."

Começar do que eles conhecem

Segundo a consultora Celina Bruniera, de São Paulo, um bom programa em Língua Estrangeira tem por base o conhecimento lingüístico, textual e de mundo que o estudante traz. "Na hora de escolher os textos que serão trabalhados, opte primeiro por aqueles com informações familiares à turma", afirma Celina. Além disso, é mais rico ler uma biografia ou uma notícia do que frases soltas, como: "Qual é o seu nome?" ou "Onde você mora?" Letras de músicas? Sim, elas também fazem sucesso e, com certeza, podem enriquecer as aulas desde que atendam aos objetivos do seu planejamento. Se você analisar a letra e perceber que é mal escrita, nada feito.

Para manter vivo o interesse da garotada pelas aulas e ao mesmo tempo atender aos diferentes objetivos didáticos, os professores de Inglês do Colégio Estadual Douradina, na cidade paranaense de mesmo nome, resolveram incentivar os alunos de 5ª a 8ª série e de Ensino Médio a ir além do livro didático. As turmas treinaram conversação com uma estudante inglesa convidada a participar das aulas por meio de um programa de intercâmbio. "Os alunos ficaram motivados porque conseguiram se comunicar com ela e perceberam que sabiam mais do que imaginavam", conta Nilza Fardin, professora de Inglês e orientadora educacional da escola.

Para aprimorar a leitura e a escrita, eles produziram um jornal, um livro de jogos e outro de receitas e até um folheto turístico bilíngüe, que é distribuído aos visitantes da cidade. Essas e outras atividades estão descritas a seguir.

Aprendizado, envolvimento e diversão

Para ter sucesso entre a garotada e ser eficiente pedagogicamente, as atividades não requerem grandes recursos. Elas podem ser desenvolvidas em todas as séries, desde que você adapte os conteúdos previstos no seu planejamento. Cabe ao professor decidir sobre a melhor forma de introduzir o uso da língua estrangeira como meio de comunicação. Na hora de dar as coordenadas à classe, pode haver a necessidade de usar a língua materna para evitar angustiar e inibir os alunos ou pode ser melhor usar, desde o começo, a língua estrangeira como forma de desafiar os alunos a lidar com o diferente.

1. Contar história
As luzes da sala estão apagadas e a meninada na expectativa. Do lado de fora, você se prepara com os acessórios necessários (como um chapéu ou uma espada de mentira) e já entra narrando, na língua estudada, as peripécias dos personagens. A pronúncia clara, os gestos e a entonação da voz ajudam a meninada a entender a narrativa. Essa atividade aprimora a compreensão oral da língua. O objetivo mais importante é despertar nos alunos a certeza de que têm capacidade de interagir com o idioma, ainda que não o dominem. Mesmo que a turma seja iniciante, histórias com vocabulário pobre devem ser evitadas.

2. Ler texto teatral
O objetivo dessa proposta é explorar as rubricas as observações entre colchetes que aparecem nos textos teatrais e que determinam a ação (e não a fala) dos personagens. Lida a peça, os alunos são desafiados a mostrar, por meio de fotografias ou desenhos, apenas o que as rubricas trazem [coloca a mão na testa e se ajoelha], por exemplo. As imagens são trocadas com os colegas, que devem descobrir a que rubrica cada imagem se refere. Os alunos aprendem as características de um texto sem narrador e exercitam a leitura, a escrita e a fluência oral na língua.

3. Cartões-postais
Aqui cabem parcerias com professores de outras disciplinas, como Artes, História ou Geografia. Os estudantes produzem cartões-postais com imagens de pontos turísticos ou informações relevantes sobre a cidade onde moram. No verso, escrevem um pequeno texto, contando um pouco sobre o local escolhido e sobre eles próprios. Terminada essa etapa, é necessário fazer contato com uma escola de outro país que queira trocar os postais com a turma. A atividade permite utilizar a língua numa situação real de comunicação e aprimorar a redação de textos descritivos e informais. Além disso, proporciona um maior contato dos alunos com o lugar onde moram e o conhecimento sobre a cultura e o modo de vida de crianças e jovens de outros países.

4. Filmes
Você lê com a classe a crítica de um filme escrita no idioma estudado. Ao assistir à fita (sem legendas), os alunos treinam a escuta e anotam as passagens que não conseguiram entender para pesquisas posteriores. Em seguida, todos debatem sobre o filme e a crítica. A próxima etapa envolve a produção de resenhas. Essa atividade aprimora a redação de textos e o enriquecimento do vocabulário.

5. Músicas
Ao escolher canções para trabalhar em sala, é preciso primeiro definir os objetivos. Se a intenção é explorar conteúdos gramaticais, a letra deve trazer subsídios suficientes. O critério de seleção não se restringe somente às preferências da turma, mas juntar o útil ao agradável é sempre bom. A música serve para treinar a pronúncia e fazer com que eles identifiquem sotaques diferentes, conforme a origem do cantor. No CD Músicas Folclóricas Americanas Vol. 1, à venda com a revista ESCOLA, há vários exemplos. Essa atividade favorece bastante o vínculo dos alunos com a língua.

6. Folheto turístico
A meninada vai achar um barato produzir um folheto bilíngüe e ilustrado para os visitantes da cidade no computador ou manualmente. Os alunos fazem um levantamento dos pontos turísticos: igreja da praça central, museus, reservas naturais, parques, clubes... Antes de começar a redigir, é essencial que os estudantes tenham contato com os textos publicitários. A atividade desenvolve conteúdos como construções imperativas ou sugestivas, uso de tempos verbais no presente e adjetivação.

7. Palavras cruzadas
Nesta atividade, cada criança inventa um jogo e desafia os colegas. Para o trabalho ser significativo, cabe aos alunos elaborar os enunciados na língua estudada, e não apenas um exercício de tradução. Por exemplo: se a palavra a ser encontrada é maestro (professor, em espanhol), é mais desafiador que eles escrevam la persona que enseña en la escuela (a pessoa que ensina na escola), e não apenas o termo em português. Essa é uma maneira de estudar vocabulário e qualquer estrutura gramatical.

8. Livro de receitas
Para começar, a turma lê receitas fáceis de preparar escritas na língua estrangeira. A tarefa seguinte é identificar palavras e expressões comuns nesse tipo de texto, como bater, misturar tudo, assar, untar. Depois de se familiarizar com a linguagem, a turma traz de casa a receita predileta e a escreve na língua estudada. Hora de colocar a mão na massa: ao ensinar os colegas a preparar os quitutes, os alunos são estimulados a enriquecer o vocabulário e ainda praticam a linguagem oral. Além dos verbos no imperativo e infinitivo, eles aprendem a usar advérbios e locuções adverbiais.

9. Jornal
Ao produzir um jornalzinho, os estudantes são estimulados a escrever, pois abordam temas relacionados ao seu cotidiano. Eles se aproximam dos diversos gêneros jornalísticos ao fazer as colunas de horóscopo e de piadas, quadro de recados, contos e críticas culturais, entrevistas e cobertura de eventos. A turma pode procurar na internet sites de jornais do exterior, para saber como esses textos se organizam. E vai aprimorar a leitura e a redação. Se a escola não tiver acesso à rede, é importante conseguir um exemplar de jornal estrangeiro, mesmo que não seja recente, para mostrar à classe.

10. Visitantes estrangeiros
Se você conhece alguém na comunidade natural de outro país e que fale a língua estudada pela garotada, eis uma oportunidade de organizar aulas de conversação envolventes. Caso o visitante não tenha tempo, vale uma palestra sobre seu país, a cultura e os costumes do lugar onde nasceu. Para tornar o encontro mais rico, os alunos elaboram roteiros de entrevista com antecedência e pesquisam sobre a nação em questão. Uma boa pedida é gravar a entrevista para escutá-la nas aulas seguintes.

11. Narrativa vira diálogo
Na Escola da Vila, em São Paulo, as 5as séries participaram de um projeto de Inglês que desenvolveu, de forma divertida, as habilidades de leitura, escrita, pronúncia e escuta. Cada turma de 12 a 15 alunos transformou a narrativa em inglês de Ali Babá e os Quarenta Ladrões em um diálogo. O projeto durou três meses e gerou ótimos resultados. Na hora de escolher o texto, as professoras optaram por um livro com vocabulário para aprendizes de nível elementar (aproximadamente 600 palavras).

Os estudantes leram o texto de diferentes maneiras: sozinhos, em voz alta, em dupla, em casa ou acompanhando a professora, para treinar a escuta e melhorar a pronúncia. Depois de dominar o vocabulário e compreender bem a trama, veio o desafio: transformar a narrativa em diálogo. Como lição de casa, os alunos dividiram o texto em dez partes e fizeram um storyboard, uma espécie de filminho em que a história é resumida em desenhos. Em classe, cada um deles tinha sugestões a dar. Juntos, fizeram um único storyboard. Depois disso, veio a produção dos diálogos.

Em duplas, os alunos redigiram as falas de cada parte. Como o narrador dava apenas a noção de tempo e espaço, eles não podiam dizer que Ali Babá era lenhador e casado. Tinham que transformar essas informações em falas dos personagens. A esposa, por exemplo, dizia em inglês: "Querido, sei que você está cansado de cortar lenha o dia todo. Preparei o jantar". Ali Babá respondia: "Você é a melhor esposa do mundo". Pronto, o recado estava dado. "Os alunos se envolveram muito porque, ao criar os diálogos, podiam soltar a imaginação", conta a professora de Inglês Tathiana Barbosa Lima, da Target Teaching, que atua na Escola da Vila.

Para que todos participassem da leitura interpretada que encerraria a atividade, os alunos foram orientados a criar frases para personagens que não tinham destaque, como os ladrões. Já as falas de Ali Babá, numerosas, foram divididas entre dois ou mais alunos. Os diálogos foram passados aos colegas para que conferissem se o final de um trecho estava coerente com o começo do outro. Na hora de corrigir, as professoras verificaram a ortografia, se o aluno havia conseguido comunicar o que pretendia e se tinha empregado no texto o conteúdo já ensinado. "Não se pode exigir que acertem o que eles ainda não aprenderam", alerta Sandra Durazzo.

A última etapa foi a apresentação, em que todos apareceram com turbantes na cabeça. O desafio era entender bem o que o colega dizia e interagir fluentemente no diálogo, usando a entonação e a expressão certas para cada personagem. Dessa maneira, a turma treinou a escuta e a pronúncia. "Os alunos aprenderam porque utilizaram a língua para solucionar problemas e não porque foram apresentados primeiramente às regras", conclui Tathiana.

Quer saber mais?

CONTATOS
Colégio Estadual Douradina, Av. Brasil, s/n, 87485-000, Douradina, PR, tel. (44) 663-1224
Escola da Vila, R. Alfredo Mendes da Silva, 55, 05525-000, São Paulo, SP, tel. (11) 3751-5255, site: www.escoladavila.com.br
Target Teaching, R. Eduardo Saigh Filho, 190, 05691-040, São Paulo, SP, tel. (11) 3758-4568, site: www.targetidiomas.com.br

BIBLIOGRAFIA
Escola, Leitura e Produção de Textos,
Ana Maria Kaufman e Maria Helena Rodriguez, 180 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-7033444, 35 reais

INTERNET
Links para professores de diversas línguas em www.linguaestrangeira.pro.br
Troque experiências e encontre colegas internacionais para se corresponder em www.teaching.com (em inglês)


quinta-feira, 26 de julho de 2012


Speech   by Brian G Dyson, CEO Coca Cola




Imagine life as a game in which you are juggling some five balls in the air. You name them – work, family, health, friends and spirit … and you’re keeping all of these in the air.

You will soon understand that work is a rubber ball. If you drop it, it will bounce back. But the other four balls – family, health, friends and spirit – are made of glass. If you drop one of these, they will be irrevocably scuffed, marked, nicked, damaged or evenshattered. They will never be the same. You must understand that and strive for Balance in your life.

How?

Don’t undermine your worth by comparing yourself with others. It is because we are different that each of us is special.

Don’t set your goals by what other people deem important. Only you know what is best for you.

Don’t take for granted the things closest to your heart. Cling to them as you would your life, for without them, life is meaningless.

Don’t let your life slip through your fingers by living in the past or for the future. By living your life one day at a time, you live all the days of your life.

Don’t give up when you still have something to give. Nothing is really over until the moment you stop trying.

Don’t be afraid to admit that you are less than perfect. It is this fragile thread that binds us to each together.

Don’t be afraid to encounter risks. It is by taking chances that we learn how to be pave.

Don’t shut love out of your life by saying it’s impossible to find time. The quickest way to receive love is to give; the fastest way to lose love is to hold it too tightly; and the best way to keep love is to give it wings!

Don’t run through life so fast that you forget not only where you’ve been, but also where you are going.

Don’t forget, a person’s greatest emotional need is to feel appreciated.

Don’t be afraid to learn. Knowledge is weightless, a treasure you can always carry easily.

Don’t use time or words carelessly. Neither can be retrieved. Life is not a race, but a journey to be savoured each step of the way…

–Brian G. Dyson

President and CEO, Coca-Cola Enterprises during his speech at the Georgia Tech 172nd Commencement Address Sept. 6, 1996

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Orações


Credo em inglês (The Apostles' Creed)

I believe in God, the Father Almighty, Creator of heaven and earth. I believe in Jesus Christ, his only Son, our Lord. He was conceived by the power of the Holy Spirit and born of the Virgin Mary. He suffered under Pontius Pilate, was crucified, died, and was buried. He descended to the dead. On the third day he rose again. He ascended into Heaven, and is seated at the right hand of the Father. He will come again to judge the living and the dead.

I believe in the Holy Spirit, the holy Catholic Church, the communion of saints, the forgiveness of sins, the resurrection of the body, and life everlasting. Amen.



Ave Maria em inglês

Hail Mary, full of grace, the Lord is with thee,

blessed art thou among women, and blessed is the fruit of thy womb, Jesus.

Holy Mary, Mother of God, pray for us sinners now,

and at the hour of our death, Amen!



Pai Nosso em inglês

Our Father, who art in Heaven, hallowed be thy name;

thy kingdom come,thy will be done on Earth as it is in Heaven.

Give us this day our daily bread, and forgive our trespasses

as we forgive those who trespass against us;

and lead us not into temptation, but deliver us from evil. Amen.



Oração ao Anjo da Guarda em inglês (Guardian Angel Prayer)

Angel of God, my Guardian Dear, to whom God's love commits me here.

Ever this day be at my side, to light and guard and rule and guide. Amen.



Oração a São Rafael Arcanjo por saúde e outras graças, em inglês

Glorious Archangel Saint Raphael, great prince of the heavenly court, you are illustrious for your gifts of wisdom and grace. You are a guide of those who journey by land or sea or air, consoler of the afflicted, and refuge of sinners. I beg you, assist me in all my needs and in all the sufferings of this life, as once you helped the young Tobias on his travels. Because you are the "medicine of God," I humbly pray you to heal the many infirmities of my soul and the ills that afflict my body.

I especially ask of you the favor {mention your petition} and the great grace of purity of prepare me to be the temple of the Holy Spirit. Amen.

Saint Raphael of the glorious seven who stand before the throne of Him who lives and reigns, angel of health, the Lord has filled your hand with balm from heaven to soothe or cure our pains. Heal or cure the victim of disease, and guide our steps when doubtful of our ways.

Ensino de Língua Estrangeira vai além da gramática


Ensino de Língua Estrangeira vai além da gramática
Para aprimorar o ensino de Inglês e Espanhol, o ideal é usar textos diversos, valorizando a interação e as situações reais de comunicação
Amanda Polato (novaescola@atleitor.com.br) Bruna Menegueço
GÊNEROS DIVERSOS Só no contato com
diferentes materiais os alunos
passam a dominar o idioma
Os jovens - sejam japoneses, franceses, angolanos, brasileiros ou mexicanos - vêem os mesmos filmes, curtem as músicas de sucesso internacional, lêem os best-sellers e acessam ao mesmo tempo as páginas da internet. E fazem tudo isso usando, além da língua materna, o inglês e também o espanhol, que amplia cada vez mais seu alcance. Por isso, o ensino de Língua Estrangeira vem se modificando (confira a linha do tempo no quadro abaixo) e hoje busca, como principal objetivo, fazer com que os estudantes participem ativa e criticamente de um mundo com fronteiras diluídas no que diz respeito ao acesso à informação.
"Os alunos têm, sim, interesse em aprender outro idioma a fim de entender as letras das canções e poder cantá-las e se comunicar via internet", explica Deise Prina Dutra, formadora de professores de Língua Estrangeira na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

As pesquisas mais recentes no ensino das disciplinas estão vinculadas à perspectiva sociointeracionista (leia mais sobre outras formas de ensinar no quadro "Metodologias mais comuns"), defendida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Essa visão leva em conta as necessidades dos alunos. "Sempre se deve perguntar por que o brasileiro precisa aprender outra língua e para quê", diz Maria Antonieta Alba Celani, pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e uma das autoras dos PCNs.
Mitos pedagógicos
Confira alguns modismos passageiros e outras idéias sem fundamento sobre o ensino de Línguas:

É impossível ensinar em escola pública
"Eis um grande equívoco", diz Deise Prina Dutra, da UFMG. "Há limitações, como a baixa carga horária, mas um trabalho bem-feito leva a turma a avançar."

Gostoso é aprender sem perceber
Ninguém adquire conhecimento dormindo ou brincando. "Quanto maior o controle da criança sobre o que faz, mais facilidade ela terá para assimilar os conteúdos", diz Luiz Paulo da Moita Lopes, da UFRJ.

É preciso falar como os nativos
O professor que nasceu ou viveu no exterior serve de exemplo de falante nas escolas de idiomas. "Mas alguns sem essa vivência se sentem incapacitados para ensinar", diz Maria Antonieta Celani, da PUC-SP, que refuta a idéia. Línguas como o inglês e o espanhol são cada vez mais usadas por quem não nasceu onde esses idiomas são os oficiais.

Existe um método infalível
No fim do século 20, modelos vindos de editoras internacionais invadiram as escolas de todo o mundo. Pesquisadores como o indiano N.S. Prabhu lançaram a era pós-método, demonstrando que modelos que não levam em consideração o contexto local não são eficientes.
O sociointeracionismo critica a concepção de aprendizagem de abordagens e métodos que valorizam apenas as questões relativas à cognição e a comportamentos (aquisição de hábitos lingüísticos), sem considerar o contexto social, a interação e a mediação. De acordo com essa perspectiva, cuja origem é o pensamento do psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934), a interação mediada pela linguagem sempre ocorre num determinado lugar social e num momento da história, e os professores têm de saber disso. Críticas a outras teorias aparecem também pela falta de preocupação com aspectos políticos, culturais e ideológicos que sempre estão associados à linguagem.

O importante é não cair em engodos da moda (leia o quadro ao lado), mas usar diferentes recursos para entender as práticas sociais de leitura e escrita e participar delas, como interpretar o rótulo de um produto importado ou entender as instruções de um videogame. Para pesquisadores e formadores de professores, as atividades mais significativas são aquelas que criam em sala situações reais de comunicação. Também é interessante que os jovens produzam textos em outra língua. "Se antes havia o modelo do download, de baixar conteúdo na internet, hoje existe o upload, com as pessoas produzindo informação", explica Lynn Mario Menezes, da Universidade de São Paulo (USP). Isso tem reflexos no processo educacional: "Os alunos não são passivos diante do conhecimento".
O ensino de Língua Estrangeira no Brasil

1500 Com a chegada dos colonizadores, a Língua Portuguesa começou a ser ensinada aos índios, informalmente, pelos jesuítas. Posteriormente, foi considerada a primeira língua estrangeira falada em território brasileiro

1750 Com a expulsão dos jesuítas e a proibição do ensino e do uso do tupi, o português virou língua oficial. Os objetivos eram enfraquecer o poder da Igreja Católica e organizar a escola para servir aos interesses do Estado

1759 O alvará de 28 de julho determinou a instituição de aulas de Gramática Latina e Grego, que continuaram como disciplinas dominantes na formação dos alunos e eram ministradas nos moldes jesuíticos

1808 Durante o período colonial, a língua francesa era ministrada somente nas escolas militares. Com a chegada da família real, esse idioma e o Inglês foram introduzidos oficialmente no currículo

1889 Depois da Proclamação da República, as línguas inglesa e alemã passaram a ser opcionais nos currículos escolares. Somente no fim do século 19 elas se tornaram obrigatórias em algumas séries

1942 Na Reforma Capanema, durante o governo de Getúlio Vargas (1882-1954), Latim, Francês e Inglês eram matérias presentes no antigo Ginásio. Já no Colegial, as duas primeiras continuavam, mas o Espanhol substituiu o Latim

1945 Lançamento do Manual de Espanhol, de Idel Becker (1910-1994), que por muito tempo foi a única referência didática do ensino do idioma. Idel, argentino naturalizado brasileiro, tornou-se um dos pioneiros das pesquisas na área

1961 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) retira a obrigatoriedade do ensino de Língua Estrangeira no Colegial e deixa a cargo dos estados a opção pela inclusão nos currículos das últimas quatro séries do Ginásio

1970 Na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é criado o primeiro programa de pós-graduação em Língüística Aplicada ao Ensino de Línguas no país, tendo como um dos idealizadores Maria Antonieta Alba Celani

1976 Com a Resolução 58/76 do Ministério da Educação, há um resgate parcial do ensino de Língua Estrangeira Moderna nas escolas. É decretada a obrigatoriedade para o Colegial, e não para o Ginásio

1977 O professor José Carlos Paes de Almeida Filho, hoje professor da Universidade de Brasília, é o primeiro brasileiro a defender uma dissertação de mestrado com foco na abordagem comunicativa para o ensino de um idioma

1978 Evento realizado na Universidade Federal de Santa Catarina foi pioneiro no Brasil em combater as idéias estruturalistas do método audiolingual, funcionando como semente do movimento comunicativista

1996 Publicação da Lei de Diretrizes e Bases que tornou o ensino de Línguas obrigatório a partir da 5ª série. No Ensino Médio seriam incluídas uma língua estrangeira moderna, escolhida pela comunidade, e uma segunda opcional

1998 A publicação dos PCNs de 5ª a 8ª séries listou os objetivos da disciplina. Com base no princípio da transversalidade, o documento sugere uma abordagem sociointeracionista para o ensino de Língua Estrangeira

2000 Na edição dos PCNs voltados ao nsino Médio, a Língua Estrangeira assumiu a função de veículo de acesso ao conhecimento para levar o aluno a comunicar-se de maneira adequada em diferentes situações

2005 A Lei nº 11.161 institui a obrigatoriedade do ensino de Espanhol. Conselhos Estaduais devem elaborar normas para que a medida seja implantada em cinco anos, de acordo com a peculiaridade de cada região

2007 Foram desenvolvidas novas orientações ao Ensino Médio na publicação PCN+, com sugestões de procedimentos pedagógicos adequados às transformações sociais e culturais do mundo contemporâneo

FONTE: HISTÓRIA DO ENSINO DE LÍNGUAS NO BRASIL - PROJETO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA APLICADA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
A própria natureza da linguagem exige que se considere seu uso social, e não apenas sua organização. Quando o ensino se resume a vocabulário, gramática, funções (cumprimentar, pedir informação) e questões ligadas ao conhecimento sistêmico, a própria língua e sua estrutura passam a ser entendidas como objeto de ensino. O importante é incorporar o contexto de produção dos discursos, permitindo a compreensão do uso que as pessoas fazem do idioma ao agir na sociedade (conheça as expectativas de aprendizagem até o 9º ano no quadro "Expectativas de aprendizagem").
ATIVIDADES SOCIAIS: Rótulos e imagens
ajudam a aprender a língua em
contextos em que ela é de fato utilizada
É essa mudança conceitual que vem ocorrendo nos últimos 20 anos. Ao simularmos uma conversa por telefone, por exemplo, é importante analisar para quem ligamos e com que objetivos. "Em vez de trabalharmos só com exercícios de gramática deslocados da realidade, precisamos pensar na língua como instrumento e resultado do ensino", explica Andrea Vieira Miranda Zinni, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10.

Isso significa que, ao participarem de uma atividade real, as crianças vão aprender os conteúdos lingüísticos e também outros ligados à própria ação. Por exemplo, ao buscarem informação num site em espanhol, perceberão, além do vocabulário e da organização da frase, diversos conteúdos relacionados à pesquisa em si e ao assunto investigado.

Ao estudar um segundo idioma, o aluno usa conhecimentos prévios de leitura e escrita e faz analogias com a língua materna. Embora a maior parte dessas comparações não tenha correspondência, existe um conceito abrangente, vindo da área de Alfabetização, que pode ser usado em Língua Estrangeira: o desenvolvimento de comportamentos leitores e escritores por meio das práticas sociais.
Metodologias mais comuns

A disciplina tem duas abordagens teóricas: a estruturalista (voltada ao ensino da forma, da gramática) e a enunciativa. Delas derivam as seguintes perspectivas e maneiras de ensinar presentes na sala de aula.

Tradicional
Usada no século 16 no ensino do Grego e do Latim.
Foco Dominar a gramática normativa e a tradução literal.
Estratégias de ensino Trabalho com textos, em exercícios de tradução, e memorização de regras gramaticais e vocabulário, com o uso de ditados.

Direta
Foi instituída como oficial no Brasil nas décadas de 1930 e 1940. Seu principal defensor, Antônio Carneiro Leão (1887-1966), publicou em 1935 o livro O Ensino de Línguas Vivas.
Foco O estudante deve começar a pensar na outra língua, sem traduzi-la, por meio do contato direto com o idioma.
Estratégias de ensino Exercícios de conversação com base em modelo de perguntas e respostas. Não se usa a língua materna, e a compreensão é feita por gestos, imagens, simulações. O processo de aprendizagem obedece à seqüência de ouvir e falar, ler e escrever. As atividades são de compreensão de texto e gramática.

Audiolingual
Surge nos anos 1950, influenciada pelo behaviorismo de Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) e pelo estruturalismo de Ferdinand Saussure (1857-1913).
Foco Fazer o aluno adquirir o domínio do idioma de forma natural.
Estratégias de ensino Audição, repetição, memorização e exercícios orais de palavras e frases feitas para que o aprendizado se dê por meio de reflexos condicionados.

Sociointeracionista
Começou a ser desenvolvida na década de 1970, com base no pensamento do psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-1934). É também chamada de sociocultural. Não defende nenhum método específico.
Foco Aprender a língua nos contextos em que ela é realmente utilizada.
Estratégias de ensino Criação de situações reais de uso do idioma, com atividades que envolvam comunicação entre as pessoas e a utilização de diversos gêneros textuais e orais e a reflexão sobre eles.
Os principais instrumentos para trabalhar nessa perspectiva são os diversos gêneros textuais ou discursivos. "Os pesquisadores estão ampliando o conceito de texto, inserindo nele outras unidades lingüísticas, como fotografias, ilustrações, vídeos e obras de arte", diz Walkyria Monte Mór, da USP. Ela explica que há discussões sobre os letramentos e os multiletramentos - escritos no plural por se tratar de gêneros escolarizados (narração, dissertação) e outros de uso social, como a página de um site ou o manual de um aparelho eletrônico. Isso requer novas habilidades de leitura que permitam interrelacionar textos, cores, movimentos, design, imagens e sons.

O trabalho com gêneros também possibilita o estudo de questões relacionadas à diversidade cultural e social. "Uma atividade com hip hop com uma turma que aprecia o estilo permite uma ref lexão sobre diferentes realidades e modos de viver", diz Luiz Paulo da Moita Lopes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos autores dos PCNs.
Giuliano Cezar Polivelli
Professor de Língua Estrangeira de 5a a 8a séries na EE Professor Antônio Sproesser, em Monte Mor, a 121 quilômetros de São Paulo, ele mudou radicalmente a maneira de ensinar.

Como eram as suas aulas?
Eu usava o método tradicional, escrevendo no quadro a gramática e o vocabulário. Fazia comparações com a língua materna e preparava uma lista de palavras com a tradução.

Por que resolveu mudar?
Sentia que meus alunos não aprendiam direito e resolvi procurar capacitação, com o apoio da diretoria.

E o que aprendeu?
Agora uso músicas e textos literários clássicos e modernos. Os alunos preparam seminários e peças de teatro. A gramática deixou de ser o foco, embora seja trabalhada de outra forma.

O que mudou na avaliação?
Aboli a prova tradicional. Hoje, analiso a fala e a escrita nas atividades individuais e em grupo.

Que problemas surgiram durante a adaptação da metodologia?
Alguma resistência sempre há, mas com o tempo os estudantes percebem uma forma mais gostosa e dinâmica de aprender Inglês.
Ao pensar na organização da classe, não se pode esquecer o conceito de mediação, centro do pensamento vygotskyano. Interagir com outra pessoa, adulto ou colega, é a melhor maneira de a criança avançar no aprendizado, principalmente no de Língua Estrangeira, que requer habilidades comunicativas.
Diferentemente das abordagens em que o professor aparece como modelo a ser seguido, a sociointeracionista valoriza a participação do aluno. O psicólogo israelense Reuven Feuerstein defende o papel da mediação docente para auxiliar as crianças a adquirir conhecimentos e estratégias que as levarão a ser autônomas para aprender e para resolver problemas.

"Não se trata de simples troca de informações, mas de pessoas trabalhando juntas, modificando o que sabem e chegando a um saber novo para todas", explica Andrea Zinni. Ela lembra que a mediação pode ser feita também com internet, livros, revistas, DVDs e CDs em atividades em que mais de uma situação (escrita, leitura, fala e escuta) esteja em jogo.

Mudar a maneira de ensinar não é nada fácil e requer determinação e formação (leia depoimento de professor que resolveu apostar na mudança no quadro ao lado). Existem programas de formação continuada que introduzem diferentes maneiras de ensinar, com base em conceitos como o sociointeracionista. Porém, o gatilho de grandes transformações deveria ocorrer nos cursos de graduação.

De acordo com os especialistas, uma deficiência comum às faculdades de Letras é a pouca atenção que se dá à proficiência no idioma - já que existem professores que não dominam habilidades essenciais para o ensino de Língua Estrangeira, como a fala, a escrita e a audição. Outra é a falta de novas práticas no currículo, em especial o trabalho com gêneros. No geral, as grades disciplinares apresentam poucos momentos dedicados à didática.

Alguns cursos optam por tratar de todas as metodologias conhecidas. É o caso da Universidade Federal do Paraná. "Ensinamos as diferentes abordagens, pois nosso objetivo é garantir que os futuros professores possam lecionar em qualquer escola, pública, privada ou especializada em idiomas", conta Eva Dalmolim, coordenadora do curso de Letras.

Já na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), apesar da resistência de alguns docentes, há uma tentativa de adaptação das metodologias à tecnologia. "Facilitamos o acesso às novas maneiras de ensinar, fazendo com que os alunos aprendam a utilizar filmes, laboratórios, músicas e videoconferências", diz Inês Barbosa de Oliveira, professora da Faculdade de Educação.

A formação completa, contudo, deveria incluir a abordagem sociointeracionista, mas sem invalidar nenhuma estratégia, mesmo que sejam as específicas de outras abordagens. "Existem atividades dos métodos tradicional e audiolingual, por exemplo, que podem ser usadas em algumas situações desde que sejam significativas para a turma e estejam dentro dos objetivos de aprendizagem", completa Luiz Paulo da Moita Lopes.
Expectativas de aprendizagem
Ao fim do 9º ano, os alunos devem ser capazes de:

- Analisar criticamente a importância e a finalidade de diversos gêneros, como textos literários, artigos, notícias, receitas, rótulos, diálogos e canções.
- Compreender o contexto de produção e identificar os elementos da estrutura que compõe os gêneros.
- Produzir textos informativos.
- Entender e dar informações em situações informais.
- Usar verbos e suas diversas conjugações, pronomes, conectivos, pontuação e vocabulário inseridos nos diferentes gêneros.
- Reconhecer o uso de voz passiva.
- Entender, avaliar e responder a instruções ligadas a situações de sala de aula (fechar o livro, prestar atenção).
- Avaliar ações de combinados, percebendo o uso de verbos para regra, pedido, obrigação e solicitação.
- Aprender a utilizar dicionários e enciclopédias.
- Localizar informações e idéias principais em textos.
- Diferenciar fato e informação de opinião.
- Apreciar texto literário escrito em Língua Estrangeira.
- Relacionar imagem e texto.
- Selecionar palavras-chave para reconhecer significados e inferir o sentido de expressões com base no contexto.
- Compreender regras e instruções (manuais, rótulos de embalagens, jogos etc.), identificando ações.
- Expressar-se usando pronúncia e entonação apropriadas.
- Compreender características culturais, finalidade e estrutura de diferentes tipos de músicas e gêneros literários.
- Cantar ouvindo a canção, observando pronúncia e entonação.
- Explorar experiências vividas em situações de aprendizagem, respeitando a seqüência temporal e causal.
Quer saber mais?
CONTATO
EE Professor Antônio Sproesser, R. Pedro Eduardo Moller, 209, 13190-000, Monte Mor, SP, tel. (19) 3879-2586

BIBLIOGRAFIA
A Construção do Pensamento e da Linguagem, Lev Vygotsky, 520 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 67,80 reais

Ensinar e Aprender Língua Estrangeira nas Diferentes Idades, Cláudia Hilsdorf Rocha e Edcleia Aparecida Basso (orgs.), 256 págs., Ed. Claraluz, tel. (16) 3374-8332, 30 reais

Perspectivas Educacionais e o Ensino de Inglês da Escola Pública, Telma Gimenez, Clarissa Menezes Jordão e Vanessa Andreotti (orgs.), 241 págs., Ed. Educat, tel. (53) 2128-8030, 29,50 reais